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Fome Zero: Moradores de Guaribas, cidade modelo do programa, ainda sofrem com fome e descaso

Município do extremo sul do Piauí, duas décadas após inauguração do projeto, apresenta um dos 40 piores IDHs do país

Publicado por: FM No Tempo 01/08/2022, 10:27

Matéria de Rodrigo Carvalho

Agência Nordestina de Notícias (ANN)

O ano era 2003. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançava um programa que prometia erradicar a fome no Brasil: o Fome Zero.

Quase 20 anos depois, na cidade símbolo do programa, Guaribas, a 658 km de Teresina, relatos de famílias que sofrem com a fome ainda são constantes. Seu Chico, como é conhecido o morador da região da Lagoa do Baixão, um povoado do município, diz que a situação por lá nunca mudou.

Guaribas recebeu inauguração do programa Fome Zero há 20 anos (Foto: Agência Brasil)

“Nós sofremos demais e ainda estamos sofrendo com a fome em nosso povoado. Nunca achamos ninguém para ajudar sequer com uma cesta básica. Aqui estamos na mesma República Velha de antigamente”, lamenta.

A situação é um pouco melhor em algumas localidades mais urbanas de Guaribas. Algumas famílias relatam que, apesar de não poderem escolher o que comer, conseguem fazer as principais refeições com o dinheiro que recebem do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família.

Irmão Dássio, morador da região, explica, porém, que a cidade carece de muitas coisas, a exemplo de infraestrutura básica como fornecimento de água.

“O município, na realidade, é pobre, mas não chega ao ponto de um morador deixar de tomar café, almoço e jantar. Os alimentos são grosseiros, mas não passamos dificuldade; agora o que falta aqui, principalmente, é água”, pontua.

Moradores da cidade denunciam escassez de água potável (Foto: Agência Brasil)

Quem mora na zona rural e em regiões mais afastadas do centro de Guaribas afirma que o cenário é praticamente o mesmo de duas décadas atrás. Edvaneide do Nascimento mora no povoado Sítio Novo e aponta que a quantia recebida do Auxílio Brasil não é suficiente para comprar os alimentos necessários.

“Tenho um cartão de R$ 400, com o qual consigo comprar arroz e óleo, mas não dá pra comprar carne. Meu marido é doente, toma remédio e não se alimenta bem. Não dá para comprar todos os medicamentos; há dias que falta o que comer em casa. A fome dói muito, vivemos de roça, e às vezes só podemos comer feijão com farinha”, desabafa.

Seu Chico demonstra revolta com a promessa que os governantes fizeram de erradicar a fome em Guaribas e garante que ainda espera por isso.

Benefícios sociais não são suficientes para custear alimentação (Foto: Agência Brasil)

“Eles não cumpriram o que prometeram. O município ficou arrasado, a fome ainda existe por aqui. Ainda estamos esperando [a promessa], nunca nem deixaram Lula vir para cá”, observa.

Dados do último levantamento feito pelo Programa de Desenvolvimento Humano (Pnud) da Organização das Nações Unidas (ONU) revela que, em 2018, cerca de 95% da população do município dependia do Bolsa Família e metade dos residentes possuía renda média de R$ 162 reais. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade modelo do Fome Zero segue entre os 40 piores do país, com 0,508.

Essa é a primeira de uma série de reportagens sobre o programa Fome Zero. Na terça-feira (2), você confere os motivos que levaram a sua extinção e ao aumento, após quase duas décadas de seu lançamento, do número de pessoas que não têm o que comer.

Confira a reportagem no Jornal da Teresina 1ª Edição desta segunda-feira (1º):

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