Segundo relatório feito a pedido do Departamento de Justiça argentino, Maradona, que morreu aos 60 anos, em 2020, quando se recuperava de uma cirurgia, foi ‘abandonado’ por equipe médica. Ex-namorada do ídolo foi clicada chorando na porta do tribunal
Depois de mais de quatro anos da morte de Diego Maradona, começou nesta terça-feira (11) o julgamento dos sete profissionais de saúde que faziam parte da equipe médica do ex-jogador.
Acusados de “homicídio simples com dolo eventual” pelo Departamento de Justiça da Argentina, que apontou provas de negligências que teriam conduzido à morte do ídolo argentino em 25 de novembro de 2020, eles podem receber penas que variam de oito a 25 anos de prisão se condenados.
Diego Maradona, em foto de março de 2020 (Foto: Natacha Pisarenko/AP/Arquivo)
A lista dos sete acusados inclui o próprio médico pessoal de Maradona – o neurocirurgião Leopoldo Luque -, um médico clínico, uma psiquiatra, um psicólogo, além de uma médica coordenadora do plano de saúde, um coordenador de enfermeiros e um enfermeiro.
A oitava acusada, uma enfermeira, pediu um júri popular e será julgada separadamente, em outro processo, a partir de julho.
As audiências devem se estender até julho, com 120 testemunhas, incluindo parentes, médicos, peritos, jornalistas e amigos, que devem depor no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 quilômetros de Buenos Aires.
Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, compareceu ao primeiro dia de julgamento e foi clicada chorando na porta do tribunal. Dalma e Jana Maradona, filhas do ex-jogador também estiveram no local.
O relatório sobre a morte de Maradona
Diego Armando Maradona morreu aos 60 anos por “insuficiência respiratória e parada cardíaca”, mas os promotores viram uma situação de “desamparo” e de “abandono” por parte daqueles que deveriam cuidar da saúde do ex-jogador
Maradona deveria ter recebido “cuidados intensivos” de forma domiciliar, mas, em vez disso, foi “abandonado à sua própria sorte”, segundo a acusação.
Em 2021, uma comissão médica, criada pela Justiça com 22 profissionais, concluiu que o atendimento a Maradona foi “inadequado, deficiente e imprudente”, que a morte poderia ter sido evitada, mas que o deixaram morrer depois de “de 12 horas de agonia”.
O ex-jogador se recuperava de uma cirurgia para retirar um hematoma na cabeça, mas não quis continuar internado na clínica. A equipe médica concordou com uma internação domiciliar, apesar de diversas patologias que o ex-jogador sofria como problemas renais, hepáticos, cardíacos, neurológicos e da dependência de drogas.
A internação domiciliar, acusam os promotores, foi improvisada numa casa sem os recursos necessários: “Uma internação indignante”. Eles também encontraram provas de omissões por parte dos profissionais e questionaram a conduta dos acusados que “não cumpriram com a boa prática médica”.
Fonte: G1