Fenômeno atípico derrubou o regime de chuvas entre fevereiro e março, causando perdas irreversíveis na agricultura e forçando ações emergenciais em todo o estado
Em entrevista ao Jornal da Teresina 2ª Edição, nesta segunda-feira (14), Diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil, Werton Costa, classificou o cenário atual do Piauí como um desastre climático. Com 129 municípios em estado de emergência por conta da seca, ele explicou que o fenômeno é resultado de uma sequência atípica de falhas no regime de chuvas no estado.
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“O que nós tivemos foi, basicamente, uma pré-temporada ruim — novembro e dezembro com pouca chuva —, um janeiro pujante, com boas precipitações, e um fevereiro desastroso. Março, que deveria ser o mês mais chuvoso, também teve quebras de até 70% em algumas regiões”, afirmou o pesquisador.
Werton destacou que o otimismo inicial era baseado na formação do fenômeno La Niña, que historicamente favorece as chuvas no Piauí. Porém, a realidade foi diferente, com mais de 50 dias sem chuva em muitas áreas, afetando drasticamente a produção agrícola e a pecuária.
“O cenário é de colapso para a agricultura familiar e para parte da produção de soja. A safrinha foi praticamente condenada na maior parte dos municípios do Cerrado. As perdas são irreversíveis, mesmo que ainda haja chuvas em abril e maio”, explicou.
Diante da situação, o Governo do Estado, junto à Associação Piauiense de Municípios (APPM) e órgãos federais, está executando um plano emergencial, com destaque para a retomada da operação carro-pipa e outras ações voltadas à segurança alimentar e ao apoio a produtores afetados.
“O protocolo emergencial está em execução, mas o número de municípios afetados ainda pode aumentar”, alertou Werton.