Gestão Trump tem pressionado universidade a reduzir políticas de inclusão e adotar uma agenda alinhada à do presidente. Instituição questiona legalidade das medidas governamentais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (15) que pode passar a taxar a universidade Harvard como uma “entidade política” e cancelar a isenção fiscal concedida a instituições de ensino.
Manifestantes protestam contra ações do governo Trump que miram a Universidade de Harvard (Foto: REUTERS/Nicholas Pfosi)
Trump vem travando uma batalha contra Harvard, a universidade mais prestigiosa dos Estados Unidos, para que a instituição elimine políticas de cotas para minorias nos processos de admissão e contratação (leia mais abaixo).
“Talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar promovendo a ‘doença’ inspirada em política, ideologia e terrorismo? Lembre-se, o status de isenção fiscal depende totalmente de agir no INTERESSE PÚBLICO!”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social.
Trump fez a declaração após a direção da universidade afirmar, na segunda-feira (14), que não cumprirá exigências da gestão Trump, como o fim de programas de inclusão e equidade. Também na segunda, o governo dos Estados Unidos anunciou o congelamento de cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 13,1 bilhões) em subsídios e contratos com a instituição.
Em uma carta enviada a Harvard na sexta-feira (11), o governo pediu reformas amplas na administração da universidade, a adoção de políticas de admissão e contratação “baseadas em mérito”, além da realização de uma auditoria com estudantes, professores e dirigentes.
As exigências também incluem a proibição do uso de máscaras — uma medida vista como direcionada a manifestantes pró-Palestina. O governo alega que manifestações contra a guerra na Faixa de Gaza em 2024 foram movidas por antissemitismo.
As exigências impostas a Harvard fazem parte de um esforço mais amplo para usar dinheiro público como forma de pressionar grandes instituições acadêmicas a seguir a agenda política de Trump e influenciar as políticas nos campi.
O presidente de Harvard, Alan Garber, afirmou em uma carta que as exigências violam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUAe “excedem os limites legais da autoridade do governo sob o Título VI”, que proíbe discriminação contra estudantes com base em raça, cor ou origem nacional.
“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, escreveu Garber.
“Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, afirmou. “A tarefa de enfrentar nossas falhas, cumprir nossos compromissos e incorporar nossos valores cabe a nós, enquanto comunidade.”
Na sequência, o Departamento de Educação dos Estados Unidos anunciou o congelamento dos recursos, afirmando que a declaração de Harvard mostra que a “mentalidade” da instituição desrespeita leis de direitos civis.
Fonte: G1