Erika é uma das duas primeiras parlamentares trans eleitas para a Câmara dos Deputados e é reconhecida oficialmente como mulher em documentos brasileiros
O governo dos Estados Unidos concedeu um visto de entrada à deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) com a informação de que ela seria do sexo masculino, desrespeitando sua identidade de gênero. Erika é uma das duas primeiras parlamentares trans eleitas para a Câmara dos Deputados e é reconhecida oficialmente como mulher em documentos brasileiros.
Deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Antes do governo de Donald Trump, Erika já havia obtido um visto americano sem esse tipo de erro — com seu gênero devidamente reconhecido. Desta vez, o documento, emitido no dia 3 de abril de 2025, apresentou a alteração indevida, o que ela e sua equipe consideram um caso explícito de transfobia de Estado.
A deputada havia sido convidada para participar da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em Cambridge, Massachusetts. Como a viagem era parte de uma missão oficial, a solicitação do visto foi feita diretamente pela Câmara dos Deputados à embaixada americana. Segundo sua equipe, o processo — que normalmente seria protocolar — enfrentou dificuldades devido às novas regras do governo norte-americano sob Trump.
“Realmente é uma situação mais do que constrangedora, uma situação de violência, de desrespeito, de abuso, inclusive, do poder, porque viola um documento brasileiro, viola um documento que é nosso. E é uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano”, declarou Erika.
Erika Hilton afirma que em nenhum momento declarou ser do sexo masculino e que o documento emitido pelos Estados Unidos desrespeita sua identidade de gênero reconhecida legalmente no Brasil. Ela também não sabe se existe um caminho jurídico para contestar o documento, dado que se trata de uma decisão soberana do governo americano.
“É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra as pessoas trans tenha esbarrado em uma parlamentar brasileira indo fazer uma missão oficial em nome da Câmara dos Deputados. Essa denúncia vem para escancarar o que é a política excludente, higienista, transfóbica praticada por Donald Trump”, completou.
A deputada classificou o episódio como violento e constrangedor, apontando para um problema que ultrapassa o individual e entra na esfera diplomática. Ela encaminhou um ofício ao Itamaraty solicitando uma audiência com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para tratar do caso formalmente. O Itamaraty confirmou o recebimento do ofício e informou que a reunião será agendada.
Com informações da CNN BRASIL