Francisco simplificou ritos papais e decidiu ser enterrado fora do Vaticano, em sinal de humildade e fé
Mesmo após a morte, o Papa Francisco reafirma seu legado de simplicidade e desapego. O pontífice, que faleceu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos, havia reformado, ainda em vida, o próprio ritual funerário, rompendo com tradições seculares da Igreja Católica. A nova versão do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, publicada em novembro de 2024, reduz simbolismos de poder e coloca em evidência sua identidade como pastor e discípulo de Cristo.
Papa Francisco – Imagem: Reprodução/Internet
Entre as mudanças, Francisco aboliu o uso dos três caixões, substituindo por um único esquife de madeira com interior de zinco, eliminou o uso do báculo papal e do catafalco – plataforma tradicionalmente usada para sustentar o caixão – e também preferiu títulos mais humildes, como “Bispo de Roma” ou “Pastor da Igreja”, afastando-se da pompa de “Sumo Pontífice”.
O arcebispo Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, explicou que a revisão atendeu a um desejo pessoal do Papa, que queria que as exéquias refletissem a fé na ressurreição, e não a exaltação de um chefe de Estado. “É uma celebração da esperança cristã, não de um poder terreno”, resumiu Ravelli.
Talvez a mudança mais simbólica de todas tenha sido o local de sepultamento. Francisco decidiu que não queria ser enterrado na Basílica de São Pedro, onde estão a maioria dos papas, mas sim na Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das igrejas mais queridas por ele em Roma. Um gesto que reafirma seu compromisso com a fé simples, devocional e acessível.
As chamadas “três estações” do funeral papal foram mantidas, mas com adaptações. A constatação oficial da morte será feita na capela privada do pontífice, e não no quarto onde ele faleceu. Depois, o corpo será conduzido à basílica, sem grandes rituais de exaltação.