Governo Lula afirma que facções atuam por lucro, não por ideologia; americanos elogiam combate ao crime
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou a possibilidade de classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. O posicionamento oficial foi apresentado nessa terça-feira (06) ao norte-americano David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções dos EUA, durante reunião no Ministério da Justiça.
Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, a atuação das facções brasileiras está ligada ao lucro ilícito, não a causas políticas ou ideológicas — o que, segundo ele, não se enquadra nos critérios legais brasileiros para tipificação de terrorismo. “Nossas facções não atuam em defesa de uma causa ou ideologia. Elas buscam o lucro através dos mais variados ilícitos”, declarou à Folha de S.Paulo.
Mario Sarrubbo – Imagem: Governo do Estado de São Paulo
Apesar de não ter sido recebido por autoridades de alto escalão — o ministro Ricardo Lewandowski está na Espanha —, Gamble elogiou os esforços do Brasil no combate ao crime organizado, afirmando que o país “tem dado respostas e trabalha ativamente”.
A visita do diplomata causou ruído político. No sábado (04), o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que Gamble teria vindo ao Brasil para tratar de sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, o que foi desmentido pela Embaixada dos EUA, que esclareceu que o foco da missão é crime organizado transnacional.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também entrou na discussão. Em reunião com Ricardo Pita, integrante da delegação norte-americana, Flávio defendeu que PCC e CV sejam reconhecidos como grupos terroristas. “Precisamos dessa interlocução com autoridades internacionais que estão acostumadas a combater esse tipo de marginal”, afirmou.