O anúncio ocorre após a visita de vereadores ao aterro
Atualizada na sexta-feira (04) às 13h50
Por Beatriz Mesquita
A Prefeitura de Teresina anunciou, nesta quinta-feira (3), a desativação parcial do aterro sanitário, localizado na zona Sul da cidade. A medida foi tomada 11 dias após a trágica morte do menino David Kauan, de 12 anos, atropelado por um trator enquanto dormia no local.
Na quarta-feira (2), representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) se reuniram com a Prefeitura para discutir o futuro da gestão de resíduos sólidos em Teresina.
Prefeitura de Teresina realiza visita técnica ao Aterro Sanitário (Foto: Jailson Soares/SEMCOM)
Com a desativação parcial do atual aterro, a Prefeitura busca alternativas sustentáveis para o descarte de resíduos. Uma das soluções em discussão é a criação de um aterro inerte, destinado exclusivamente a resíduos que não se decompõem nem geram chorume, como restos de construção civil, vidro e concreto.
Diferentemente dos aterros sanitários, os aterros inertes exigem menor infraestrutura ambiental e ajudam a aliviar o sistema de tratamento de lixo, ao mesmo tempo em que promovem a separação adequada dos resíduos orgânicos e inorgânicos.
Na manhã desta quinta-feira (3), gestores da Prefeitura de Teresina realizaram uma visita técnica ao Aterro Sanitário da cidade. Participaram da ação o secretário de Comunicação, Ellyo Teixeira; o coordenador municipal de Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (SEMCASPI), Miranda Neto; o secretário de Segurança Municipal, Wagner Torres; e a comandante da Guarda Municipal, Lucijane Ibiapina. O objetivo foi alinhar, com a equipe de gestão do local, ações voltadas à garantia de assistência social e segurança para os catadores.
Ainda nesta quinta-feira, o presidente da Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (Eturb), Vicente Moreira Filho, esteve no aterro para elaborar um relatório técnico com medidas urgentes. O documento foi entregue ao prefeito Silvio Mendes (União Brasil), que determinou o reforço da segurança armada na área e o cadastramento dos trabalhadores informais.
Na terça-feira (1º), uma comissão formada por 12 vereadores da Câmara Municipal realizou uma visita técnica ao aterro. A constatação foi alarmante: apenas seis vigilantes cuidam de uma área de aproximadamente 50 hectares, sem muro — apenas cercada.
Segundo o vereador Pedro Alcântara (Progressistas), que participou da visita, muitos catadores trabalham sem qualquer tipo de equipamento de proteção, como luvas, máscaras ou aventais, expondo-se a riscos severos à saúde. A maioria também não possui cadastro junto ao município.
Em resposta à situação, a Câmara aprovou a criação de uma comissão mista, formada por profissionais da saúde e da assistência social — incluindo psicólogos, médicos, sociólogos e psicopedagogos. O grupo atuará junto à comunidade de catadores para oferecer alternativas de vida mais dignas e seguras.
Entramos em contato com o Ministério Público que preferiu não se manifestar.