Pedro Viana, de 22 anos, sofreu uma parada cardíaca em quadra e não resistiu; especialista aponta riscos genéticos e defende mais preparo em espaços esportivos
A morte de Pedro Viana, de apenas 22 anos, durante uma partida de futsal em Piripiri (PI) no dia 20 de setembro, trouxe novamente à tona o debate sobre os riscos de parada cardíaca súbita em jovens atletas. O que pode levar um jovem aparentemente saudável a morrer subitamente? Quais fatores de risco estão envolvidos? Como deve ser o atendimento nesses casos? A reportagem ouviu o médico residente de cardiologia do Hospital Getúlio Vargas, Joaquim Cavalcante, que esclareceu pontos importantes sobre o tema e fez alertas à população.
Segundo o médico residente de cardiologia do Hospital Getúlio Vargas, Joaquim Cavalcante, algumas condições específicas podem levar a esse tipo de ocorrência mesmo em pacientes aparentemente saudáveis.

Pedro Victor (Foto: Reprodução/Internet)
“Causas de morte súbita em pacientes jovens devemos lembrar das arritmias malignas e também lembrar da entidade miocardiopatia hipertrófica, que é a principal causa de morte em pacientes atletas com menos de 35 anos. Geralmente tem alguns casos dentro da família desse paciente”, explicou o cardiologista.
Sobre os principais fatores de risco cardíaco em jovens que praticam atividades físicas, Cavalcante reforça que a hereditariedade deve ser levada em consideração.
“Como fator de risco, nós devemos lembrar das causas genéticas. Quando ocorrem eventos cardiovasculares em mulheres com menos de 55 anos e em homens com menos de 65 anos, é preciso investigar os parentes de primeiro grau”, afirma Joaquim.
O médico também alerta que hábitos de vida inadequados, mesmo em pessoas jovens e aparentemente saudáveis, podem contribuir para o risco cardiovascular.

Mulher segurando coração (Foto: Reprodução/Freepik)
“Não fumar, não beber, evitar o consumo de açúcares, enlatados, embutidos, reduzir o consumo de gorduras supersaturadas e ultraprocessados. Fazer uma atividade física regular com acompanhamento médico, passar por uma avaliação profissional antes de iniciar as atividades físicas — tudo isso são fatores de proteção cardíaca”, orienta o médico.
Outro ponto importante abordado é a diferença entre parada cardíaca e infarto, e como o atendimento de emergência deve ser feito nesses casos.
“A parada cardíaca do infarto é uma entidade muito grave. Independentemente da causa, seja arritmia, infarto, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, deve-se iniciar manobras de reanimação com compressões torácicas de alta qualidade. Mas antes disso, o ideal é pedir ajuda, seja de pessoas próximas ou do SAMU. Depois, iniciar 30 compressões e duas ventilações, alternando com outra pessoa para evitar fadiga muscular”, detalhou o cardiologista.
Cavalcante acredita que há falhas na prevenção e no preparo de espaços esportivos amadores para lidar com esse tipo de emergência. Para ele, educação e estrutura são essenciais.
“Um dos objetivos dessa entrevista é o esclarecimento da população. Em outros países, como Estados Unidos e na Europa, crianças aprendem primeiros socorros e reanimação cardíaca. É preciso ter pelo menos uma pessoa treinada no local e, idealmente, um desfibrilador disponível — não só em quadras esportivas, mas também em locais de grande fluxo, como shoppings e restaurantes. Isso pode salvar vidas”, concluiu.