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 O deficiente

21 de setembro de 2020

Hoje é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Lutar pelos nossos deficientes, como disse o ex-presidente americano John Kennedy, é lutar pelos seus direitos, o que é também uma forma de superar as nossas próprias deficiências.

Mas quem são os nossos deficientes, afinal?

Nossos deficientes, por acaso, são aquelas pessoas que não escutam ou não enxergam?

Nossos deficientes, por acaso, são aquelas pessoas com problemas mentais ou com problemas físicos?
Engana-se quem pensa assim.

Quantas pessoas possuem uma audição perfeita e não querem escutar o que seu próximo tem a lhe dizer?

Quantos possuem uma visão extraordinária, mas não querem enxergar o que as pessoas têm a lhes mostrar;

Quantas pessoas mentalmente sãs agem com extrema deficiência.
A verdade é que muitos de nós somos deficientes por ignorância. O mundo está cheio desse tipo de gente.

As sociedades antepassadas não aceitavam a deficiência, provocando uma exclusão quase total das pessoas portadoras de problemas desse tipo.

As famílias chegavam mesmo a escondê-las da convivência com outras pessoas, isolando-as do mundo.

Hoje, talvez não tenhamos mais tantos casos assim – embora eles ainda existam – mas não podemos negar que ainda há um preconceito muito grande em relação aos deficientes.

Preconceito que começa com a infraestrutura das cidades, que de um modo geral dificulta a movimentação dos deficientes.

São prédios particulares, repartições públicas, calçadas e vias nem sempre preparadas para atender essas pessoas.

Em Teresina, por exemplo, as calçadas continuam esburacadas, estreitas e com desníveis; as vagas nos estacionamentos continuam ocupadas por pessoas ditas normais.

No Brasil, são cerca de 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.

No Piauí, são mais de 800 mil deficientes, o que nos coloca entre os primeiros na relação dos estados brasileiros com maiores índices de pessoas portadoras de deficiência.

Como aceitar que um país ou um estado que se diz inclusivo não tenha ainda um programa de acessibilidade para parcela tão significativa de sua população?

Não é mais possível aceitar isso.

Mas, por dever de justiça, é preciso se reconhecer que alguma coisa já foi feita.

A sociedade, pelo menos, já não vê um doidinho numa pessoa com problemas mentais nem um aleijado numa pessoa portadora de deficiência física.

E isso pode ser considerado um avanço.

É até um grande avanço, se voltarmos novamente no tempo a uma época em doentes mentais e aleijados se quer eram considerados gente.

Eram tidos até como um castigo, um fruto do pecado.

Nosso deficiente não quer mais ser o aleijado, o enjeitado.

Nosso deficiente não quer mais ser o manco, o cego ou o surdo mudo.

Nosso deficiente não quer mais ser o paralítico, não quer ser dependente;

Nosso deficiente quer ser uma pessoa normal, mesmo diante de suas limitações;

Nosso deficiente quer trabalhar, quer estudar, quer ser feliz.

Mas para que isso aconteça é preciso que o estado faça sua parte; é preciso que o estado cumpra com sua obrigação.

É preciso que o estado assegure o cumprimento de toda a legislação nacional que dispõe sobre os direitos do deficiente.

O deficiente não quer favor, não quer apresentar-se como o coitadinho, como o pobrezinho.

Ele não precisa de compaixão.

Só precisa de respeito.

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