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Chico Leal

A vida é passageira. No esporte, então, nem se fala.

Sarah Menezes, nossa judoca do ouro olímpico em 2012, ficou fora da seleção que vai disputar o mundial.

Mas a vida segue.

Apesar de tudo

A vida

14 de maio de 2019

 O que é a vida, se não um constante esperar.

A vida é um eterno aguardar. Aguardamos por tudo.

Aguardamos os nove meses na barriga da mãe, embora em algumas situações excepcionais se consiga pular fora antes do tempo. Mas aí, devemos reconhecer, já é forçando a barra e nem sempre isso é aconselhável. Pode não dar certo.

Depois disso a espera continua.

Temos que esperar passar aquela fase de muitos mimis, seguidos de conselhos e mais conselhos. É um tempo em que a vida segue, mas continuamos esperando… esperando.

Continuamos esperando pela adolescência e pela expectativa da vida de adulto, quando a primeira sensação  que vem à mente é a de liberdade. Liberdade para fazer tudo o que achar que se deve fazer, inclusive o que nossos pais nunca permitiram que fosse feito.

Mesmo na vida adulta, a vida não deixa de ser uma espera.

Depois da espera pela primeira namorada, vem a espera pelo grande amor que, como cantava Nelson Gonçalves, nem sempre é a primeira namorada.

A partir daí é esperar os filhos, esperar a família.

Alguém já disse que saber quando se deve esperar é o grande segredo do sucesso.

Então, a vida nos ensina que devemos saber exatamente quando se deve esperar.

Embora se diga que a vida não pode esperar o que é a vida se não um eterno esperar?

Na vida, afinal, espera-se tudo, inclusive a morte.

Há quem diga que se deve viver o hoje sem pensar no amanhã, porque talvez o amanhã não exista. Mas, mesmo que o amanhã não chegue, ainda assim devemos pensar na possibilidade de existir.

Sem a expectativa do amanhã, sem a expectativa do futuro, não há vida.

Como escreveu Vitor Hugo, o francês autor de Os Miseráveis, 

O futuro tem muitos nomes.

Para os fracos é o inalcançável.

Para os temerosos, o desconhecido.

Para os valentes é a oportunidade.

 

Saber esperar, na verdade,  é uma virtude.

E é essa virtude que todos devem ter, por que ela representa a esperança naquilo que está a caminho, representa a certeza de um amanha e de um futuro melhor.

A vida é um constante esperar, sem dúvida, mas esperar também é uma arte; saber esperar é uma legitima manifestação de sabedoria humana.

Saber esperar pelo que virá é alimentar a expectativa de cada um de nós.

Respeitemos o tempo, respeitemos a vida, respeitemos o próximo.

Agindo assim, não só nós seremos felizes no amanhã, mas os outros, os nossos irmãos, também alcançarão essa felicidade.

O sofrimento negro

13 de maio de 2019

Hoje é um daqueles dias que devemos lembrar sempre.

Devemos lembrar porque não podemos esquecer uma data que marca o fim de tanto sofrimento no Brasil; devemos lembrar sempre, até para que não se repita.

O 13 de maio, dia da Aparição da Virgem de Fátima, é também o dia que marca o fim da escravatura em nosso país. Depois de quatro séculos os negros, finalmente, estavam libertos perante a lei.

No dia 13 de maio de 1888, há apenas 131 anos, portanto, chegava ao fim o trabalho escravo num país que ainda carrega essa mancha que marca sua história de forma definitiva.

Darcy Ribeiro dizia que o Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.

Libertamos os negros, mas os deixamos ao deus dará, sem opção de seguir um caminho que os levassem por um futuro de liberdade real.

A liberdade tem um preço alto, tão alto quanto o preço da escravidão. Segundo o escritor Paulo Coelho, a única diferença é que você paga com prazer e com um sorriso, mesmo quando é um sorriso manchado de lágrimas.

A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.

O Brasil será sempre devedor dos negros e será sempre apontado como uma terra injusta por ter patrocinado e continuar patrocinando injustiças.

O negro no Brasil é um objeto exposto à sociedade com olhares hipócritas, enviesados.

Ser negro no Brasil é esperar dos brancos a quitação da dívida social. Nesse âmbito, os indígenas durante 300 anos construíram as bases econômicas e sociais do nosso país, em condições brutais de escravatura, em consequência da exclusão social.

Mas o Brasil realmente é um país diferente. É um país sem igual.

Aqui, o racista é sempre o outro. Pesquisas apontam que 97% dos entrevistados afirmam não ter qualquer preconceito de cor, ao mesmo tempo em que admitem conhecer, na mesma proporção, alguém próximo que demonstra atitudes discriminatórias. É o chamado racismo à brasileira, segundo o jornal El País.

Não estamos fazendo nada para acaba com essa situação.

O pequeno espaço conquistado pelos negros no Brasil dos últimos anos tem sido por esforço próprio. Infelizmente essa conquista vem acontecendo de forma muito lenta, longe da urgência e da necessidade que requer a situação.

Estamos bem longe dos ideais de Nélson Mandela, o grande líder nego sul-africano, que disse:

Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas, caso seja necessário, é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer.

Mãe, sempre mãe!

10 de maio de 2019

Uma das verdades que costumamos dizer é que a vida é tão curta e tudo passa tão rápido que não nos damos conta do tempo que desperdiçamos.

Não faz muito tempo – parece até que foi ontem – falávamos aqui sobre essa figura iluminada e incomparável chamada a mãe. Dizia eu que o domingo das mães, com certeza, é um dia de festas, um dia de muita alegria para quem ainda tem uma mãe ao seu lado. Mas também é um dia de muita saudade para quem, como eu, já não tenho uma mãe por perto para aquele afago generoso do dia a dia.

Carlos Drummond de Andrade, a quem sempre recorro, um dia perguntou por que Deus permite que as mães vão-se embora.

Por que, afinal?

Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e a chuva desaba,

Mãe – prossegue Drummond – é veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.

Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça, é eternidade.

Por que Deus se lembra

– mistério profundo – de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo baixava uma lei:

Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho

e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.

Que bom seria, diz a escritora Cecilia Sfalsin, se todos os dias fossem o dia das mães,

Se os filhos acordassem sensíveis a uma tamanha gratidão,

Se os corações de todos fossem presenteáveis,

Se o amor por todas elas fosse coberto de obediência, respeito, carinho e cuidados.

Bom seria se todos os dias fossem o dia das mães, se os filhos ouvissem seus conselhos como ouve o melhor amigo, se eles a tratassem realmente todos os dias como uma joia de grande valor, e pensassem bem antes de lhe responder indevidamente.

Mãe, tal qual escreveu Cecília Meireles, sinto falta do seu olhar penetrante, do seu sorriso marcante e do seu jeito simples de ser.

Sinto falta das palavras amigas, dos gestos carinhosos ou simplesmente da certeza que estavas ao meu lado.

Sinto falta do sim, do não, do talvez e principalmente dos conselhos exagerados.

Sinto falta do simples do complexo, do início e do fim.

Sinto falta do tempo em que nos seus braços eu podia me apoiar.

Sinto falta do tempo em que mesmo errado via no seu olhar furioso a mais bela declaração de amor.

Sinto falta das cobranças e das lembranças do tempo de criança.

Sinto falta das palmadas, dos beliscões e puxões de orelha.

Sinto falta da sua presença, do cheiro do perfume e do jeito simples de ser.

Obrigado por tudo, mãe!

Vocês ainda lembram do ministro Baldy – aquele que durante a campanha eleitoral não fazia falta no Piauí?

Pois é. O senador Ciro Nogueira gostou tanto de sua atuação que já está indicando seu nome para o ministério a ser criado por Bolsonaro.

Lá vem o aviãozinho, minha gente!

E viva a República!

 O rico pobre

9 de maio de 2019

Vez por outra a gente escuta alguém falar que o Piauí é um estado rico. Já se ouviu mais, é verdade.

Esse discurso já vem de muito longe, embora tenha ganho um certo incremento nos últimos anos.

É um estado de incontáveis belezas e de inúmeras riquezas na área mineral, no turismo, na agricultura, enfim, o Piauí é aquilo que se pode chamar de estado abençoado por Deus e pela natureza.

Dizem, por exemplo, que temos uma invejável jazida de ferro e uma imensa quantidade de ouro; temos níquel, diamantes e mármore em abundância.

Temos altíssimas reservas de gás e petróleo; temos o único Delta das Américas e somos o berço do homem americano.

Por último descobriram o nosso enorme potencial eólico, tanto no litoral como na serra do Araripe, em pleno semiárido piauiense. É tanto vento que vamos nos transformar logo, logo no maior fornecedor de energia limpa do país.

Tudo isso pode ser verdade.

Falta apenas, como diria Garrincha, combinar com os russos.

Em décadas de muita falação, nosso ouro, nosso cobre e nosso níquel não conseguiram aflorar. Permanecem nas profundezas da terra, sem qualquer benefício para o estado.

O mármore de Pio IX, sem igual no Brasil – só comparado ao mármore de Carrara, na Itália – já é explorado há bastante tempo, mas os resultados benéficos até hoje não são conhecidos. Pio IX continua uma cidadezinha pobre, à mercê das chuvas para que a população possa plantar o que comer.

Nosso petróleo na bacia do rio Parnaíba não consegue jorrar uma única gota; o gás continua onde sempre esteve.

Nossos ventos, até hoje, não produziram praticamente nenhum retorno econômico.

O delta do Parnaíba, de beleza incomparável, o único em mar aberto, uma beleza das Américas localizada exatamente no Piauí, não consegue ser a redenção do nosso turismo.

E o Parque Nacional da Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato? Nosso berço do homem americano não consegue sobreviver sem a mão nem sempre generosa do governo, do dinheiro público.

Como no Delta, falta o turista endinheirado para garantir a sobrevivência.

Mas nem tudo está perdido.

Descobriram também que somos a última fronteira agrícola do Brasil, com potencial para alimentar o mundo.

Nossos cerrados são os que oferecem a maior produtividade de soja por hectare. Mesmo assim, continuamos na rabeira dos demais estados produtores.

Não conseguimos chegar nem perto da produção do Maranhão e da Bahia, por exemplo.

È difícil, muito difícil mesmo, imaginar o Piauí um estado rico. No máximo, somos um rico pobre, sentado à beira de um caminho que não nos indica nenhum futuro promissor.

Na verdade, nossa redenção continua sendo aquilo que nunca deixou de ser: apenas discurso.

Para finalizar, só uma observação. Este texto  foi por mim apresentado originalmente, aqui na Teresina FM, em 17 de junho de 2016. Mudou alguma coisa?

O novo velho

8 de maio de 2019

 

No mundo industrial, no mundo comercial, é comum a reestilização de produtos.

Reestilizar, a grosso modo, é mudar, é acrescentar algo.

A fábrica de automóvel, por exemplo, vive acrescentando alguma coisa ao seu produto para torná-lo mais agradável, mais palatável, como se diz.

O fabricante de cerveja vive a mudar rótulos, vive a criar comerciais sofisticados para chamar a atenção dos consumidores.

Os fabricantes de sal, de açúcar, de fumo, enfim, todos fazem isso.

A questão não é tanto melhorar o produto. É mudar a imagem, é fazer crer que aquele novo visual é a garantia de um produto de qualidade superior, é um produto mais eficiente, mais puro.

No mundo comercial, no mundo industrial, funciona assim.

Mas na política não.

Na política, mudar o rótulo não significa muita coisa.

Mesmo assim, os políticos estão tentando usar a mesma tática adotada pelo comércio e pela indústria no Brasil.

Pois é.

No Brasil, os partidos políticos estão mudando o rótulo e se apresentando como novo.

Agora mesmo é a vez do MDB anunciar que vai mudar de nome, vai mudar de embalagem. Vai trocar algo que considera velho e surrado por algo novinho em folha.

O MDB, que nasceu MDB e depois virou PMDB, para ser MDB novamente, quer ser apenas Movimento. O MDB não quer mais ser Democrático e muito menos Brasileiro.

O velho MDB de guerra, o partido que ousou desafiar a ditadura militar, o partido que ousou enfrentar os anos de chumbo e que em algum momento representou as verdadeiras aspirações da sociedade brasileira, está morrendo.

O MDB está dando os últimos suspiros, no ponto para a extrema unção, mas não quer ser enterrado. Quer reencarnar na pele de um Movimento.

Quer renascer, quer ser novo de novo. Como fênix, quer ressuscitar das cinzas.

Essa ideia que o MDB anuncia como o seu  próximo passo mostra a quantas andam a politica e os políticos brasileiros. Mostra de forma bem definida que a política não é mais uma coisa séria, mostra que não podemos confiar em políticos  – pelo menos em boa parte deles. Vivemos a politica do faz de conta.

A politica de hoje quer nos fazer crer, por exemplo, que o Progressista não é o velho PP; quer nos fazer acreditar que o DEM não é o PFL que um dia já foi PDS.

Agora querem nos fazer acreditar que o Movimento é algo novo, inovador até, mesmo com o ex-senador Romero Jucá sendo o seu presidente.

Triste fim para um partido que já teve em seus quadros figuras inesquecíveis como Freitas Nobre, Alencar Furtado, Paulo  Brossard, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e tantos outros.

Triste fim.

O silêncio

7 de maio de 2019

O silêncio é um amigo que nunca trai, já dizia Confúcio, o sábio chinês que viveu entre 552 e 479 Antes de Cristo.

Hoje, 7 de maio, é o Dia do Silêncio e a grande dúvida é: Como comemorar o silêncio?

Obviamente o bom sendo indica que no dia do silencio devemos ficar calados, em silêncio.

Mas a verdade é que o silêncio é valioso. Tão valioso que, dizem alguns, vale ouro. O silêncio é de ouro e muitas vezes é a resposta.

O silêncio, segundo Thiago de Melo, é um campo plantado de verdades que aos poucos se fazem palavras. Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio.

Pablo Neruda, o grande poeta chileno, reconhece que as pessoas não costumam gostar do silencio, assim como a natureza detesta o vazio e se apressa em preenchê-lo com belos arbustos.

O silêncio alimenta a nossa imaginação, mas também nos faz cair no abismo das ansiedades, no redemoinho das preocupações e não estamos acostumados com esse cenário.

Esquecemos que o silêncio tem poder, que é didático e que, como se fosse um feitiço, é capaz de potencializar em nós aspectos que acreditávamos ter esquecido.

Portanto – diz Pablo Neruda – é o momento de interromper e de parar tudo. É hora de permanecermos imóveis, apenas por um momento, deixando os braços caídos para mergulharmos nessa dimensão às vezes incômoda que é o silêncio.

Talvez, ao nos deixarmos ser pegos por essa suave quietude, iremos perceber o que estamos fazendo com nossas vidas. E com o mundo.

 

Como diz o poeta:


O silêncio é doçura:
Quando não respondes às ofensas,
Quando não reclamas os teus direitos,
Quando deixas à Deus a defesa da tua honra.

O silêncio é misericórdia:
Quando te calas diante das faltas de teus irmãos,
Quando perdoas sem remoer o passado,
Quando não condenas, mas intercedes em segredo.

O silêncio é paciência:
Quando sofres sem te lamentares,
Quando não procuras consolação junto aos homens,
Quando não intervéns, esperando que a semente germine lentamente.

O silêncio é humildade:
Quando te apagas para deixar aparecer teu irmão,
Quando, na discrição, revelas dons de Deus,
Quando suportas que tuas ações sejam mal interpretadas,
Quando deixas os outros a glória da obra inacabada.

O silêncio é fé:
Quando te apagas, sabendo que é Ele quem age…
Quando renuncias às vozes do mundo para permanecer na Sua
presença…
Quando te basta que só Ele te compreenda

 

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