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Polícia

Delegada aponta falhas da sociedade em casos de abuso sexual infantil: “É preciso acreditar nos relatos”

Segundo titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), 95% das vítimas são agredidas por pessoas próximas

Publicado por: FM No Tempo 27/06/2022, 10:32

O número de casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes tem crescido de forma preocupante em Teresina. Segundo dados da Gerência de Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), a capital do Piauí registrou 45 vítimas apenas no primeiro trimestre deste ano.

Para a delegada Lucivânia Vidal, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) da Polícia Civil, os crimes vieram a extrapolar os limites com o advento da pandemia de Covid-19, mas a sociedade também está falhando em dar a devida atenção aos menores.

Entrevistada defende maior atenção dos adultos para com público infanto-juvenil (Foto: Teresina FM)

“Nossas crianças e adolescentes vivem vulneráveis, sobretudo em virtude da idade. É preciso acreditar no que eles relatam aos adultos; conversar e vigiar são atitudes de extrema importância”, destacou em entrevista ao JT1 da Teresina FM nesta segunda-feira (27).

De acordo com Vidal, 95% dos casos de estupro de vulnerável são cometidos por pessoas de “confiança” das vítimas, seja familiares ou indivíduos que circulam nas escolas e na comunidade onde os menores estão inseridos.

“A polícia tem realizado um trabalho ferrenho contra esse tipo penal e a resposta do judiciário tem sido, na maioria das vezes, benéfica. Nossas leis conferem ao réu ou ao acusado a oportunidade de responderem em liberdade; isso não significa, no entanto, que sejam inocentes, embora a sociedade fique com essa impressão”, observou.

Na visão da delegada, é crucial que o inquérito seja bem conduzido a fim de que o juiz ou o Ministério Público tenham embasamento para uma condenação futura. Ela frisou ainda a colaboração da própria sociedade, que pode ajudar a polícia recorrendo às denúncias anônimas quando testemunharem tais situações.

Em relação ao recente levantamento divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), que revelou que quase 1.700 meninas menores de 14 anos se tornaram mães após terem sido estupradas, Vidal reconheceu os “números estarrecedores”, mas salientou a grande quantidade de subnotificações.

Crianças que engravidam após estupro sofrem série de violências (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

“Teríamos que duplicar os índices atuais, o que seria algo impensável. Geralmente, a criança que engravida em decorrência de um estupro nem percebe a gestação até as últimas semanas. A vítima costuma se retrair, então observar seu comportamento é fundamental”, alertou.

A entrevistada ressaltou ainda a “expertise” da DPCA no que diz respeito ao atendimento às vítimas, as quais não possuem o mesmo comportamento de quem registra queixa de outros crimes. Vidal apontou que os recepcionistas da delegacia recebem treinamento para identificar os sinais apresentados pelas crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual.

“Nossa equipe oferece uma escuta forense, no sentido de uma investigação posterior. O atendimento psicológico é oferecido pelos Centros de Atenção Psissocial (Caps) e pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras)”, complementou.

Confira a entrevista completa no Jornal da Teresina 1ª Edição desta segunda-feira (27):

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