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Censura e obstáculos legais freiam movimento #MeToo na China

No início deste mês, denúncias chegaram pela primeira vez ao alto escalão do poder político chinês. A estrela do tênis Peng Shuai afirmou ter sofrido abuso sexual por parte de um ex-chefe do Partido Comunista. Ela não se manifesta publicamente desde então

Publicado por: Lilian Oliveira 20/11/2021, 17:42

A censura e os inúmeros obstáculos legais que as denunciantes enfrentam frearam consideravelmente o movimento #MeToo na China, que continua sendo um país profundamente patriarcal.

No início de novembro, pela primeira vez, o fenômeno teve como alvo os escalões superiores do poder político.

A estrela do tênis Peng Shuai, de 35 anos, afirmou ter sofrido abuso sexual por parte de uma poderosa ex-liderança do Partido Comunista.

A tenista chinesa Peng Shuai comemora após derrotar a americana Venus Williams na primeira rodada do China Open de tênis, em Pequim, em 3 de outubro de 2016. (Foto: Fred Dufour/AFP)

Publicada na rede social chinesa Weibo (o equivalente ao Twitter no país asiático), sua mensagem foi rapidamente censurada, antes de ter sua autenticidade verificada pela AFP.

Desde a denúncia, a tenista não foi mais vista em público. Na sexta-feira (19), a ONU e os Estados Unidos exigiram da China provas do paradeiro dela no país.

Assim como a tenista, muitas mulheres chinesas que decidiram levantar a voz viram os fatos se voltarem contra elas.

O movimento mundial contra a violência contra as mulheres #MeToo apareceu na China em 2018, depois que um grupo de mulheres denunciou casos de assédio sexual por parte de professores universitários.

A reação imediata das autoridades foi bloquear a hashtag #MeToo, assim como outras palavras-chave relacionadas com o movimento. O temor do governo era não poder controlar um movimento em grande escala. Com frequência, a polícia prende ativistas feministas conhecidas. É o caso de Sophia Huang Xueqin, presa em setembro por “incitar à subversão do Estado”, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras.

Grandes obstáculos

Embora o presidente chinês, Xi Jinping, insista no papel das mulheres no “desenvolvimento” e no “progresso social”, sua ausência em cargos importantes do governo continua sendo flagrante.

Entre os 25 membros do Politburo do Partido Comunista, há apenas uma mulher. E, ainda que uma nova lei tenha sido aprovada no ano passado para esclarecer o conceito de assédio sexual, quem denuncia continua a enfrentar grandes obstáculos.

“Você sempre tem que mostrar que é honesta (…) e que não está usando esse assunto para se colocar à frente dos outros”, disse à AFP, sob anonimato, uma mulher que denunciou uma conduta sexual inadequada em relação a ela.

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