Programas de reforço indiscriminados poderiam prolongar a pandemia em vez de acabar com ela, ao desviar as doses disponíveis para países com altas taxas de vacinação, afirmou Tedros Adhanom
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quarta-feira (22) contra a ilusão de que é possível superar a pandemia de Covid-19 ao administrar doses de reforço.
“Nenhum país poderá superar a pandemia com vacinações de reforço e estas não representam um sinal verde para celebrar como havíamos previsto”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em entrevista coletiva em Genebra, poucos dias antes do Natal.
Vacina coronavírus Covid-19 campanha vacinação Araxá 14/12/2021 (Foto: Prefeitura de Araxá/Divulgação)
“Esses programas de reforço indiscriminados inclusive poderiam prolongar a pandemia em vez de acabar com ela, ao desviar as doses disponíveis para países com altas taxas de vacinação, fornecendo ao vírus mais possibilidades de se propagar e sofrer mutações”, afirmou o doutor Tedros.
“É importante lembrar que a grande maioria das hospitalizações e mortes é de pessoas não vacinadas, as quais não receberam uma dose de reforço”, insistiu, acrescentando: “e devemos ter muito claro” que “as vacinas (atuais) são eficazes tanto contra a variante delta como contra a ômicron”.
De acordo com o comitê de especialistas em políticas de imunização da OMS (SAGE), ao menos 126 países já deram instruções para injetar uma dose de reforço e 120 deles já começaram as campanhas neste sentido.
São, em sua maioria, países ricos ou de média renda, mas “nenhum país pobre desenvolveu ainda um programa de reforço“, afirmou o SAGE em um comunicado nesta quarta-feira.
“Os esforços de imunização devem continuar se concentrando na redução das mortes e dos casos mais graves e na proteção do sistema sanitário”, destacou o SAGE em suas conclusões.
“As medidas de saúde pública e sociais continuam sendo um componente essencial na estratégia de prevenção da covid-19, em particular no que diz respeito à variante ômicron”, insistem estes especialistas.
Durante a coletiva, a doutora Maria Van Kerkhove, encarregada da gestão da pandemia na OMS, pediu prudência e insistiu na responsabilidade pessoal para evitar que o vírus continue circulando, embora tenha admitido que é difícil.
Fonte: G1