Amigo do jornalista diz que as pessoas que Donizetti incomodava “viviam no mundo da corrupção”
Matéria de Rodrigo Carvalho
Essa é a quarta de uma série de reportagens sobre o caso Donizetti Adalto. Na quarta-feira (1º), você viu o relato de Carlos Moraes, amigo do falecido jornalista, sobre a morosidade da justiça no julgamento de Djalma Filho.
Após quase 24 anos de um crime sem respostas, muitas pessoas ainda se perguntam quem de fato tinha motivos para matar Donizetti Adalto, que era um dos favoritos a ser eleito deputado federal pelo Piauí. O amigo Carlos Moraes explica qual era o perfil das pessoas que o jornalista tanto incomodava.
“Políticos e empresários que viviam no mundo da corrupção. É claro que essas pessoas se incomodavam com as denúncias e os levantamentos que o Donizetti fazia. Eu, mais cauteloso, falava que não adiantava ir a fundo, era fazer a denúncia e deixar o povo julgar. Mas ele queria ir até o fim, né? Ele gostava de ir até o fim, talvez esse tenha sido um dos maiores problemas”, relata.
Sem citar nomes, Carlos Moraes afirma que a morte de Donizetti beneficiou alguns deputados que tentavam a reeleição.
“A morte dele ocorreu quando disputava uma eleição com alta popularidade. O Djalma, que era sua dobradinha, não tinha os mesmos índices e teria uma votação pífia. Com a morte do Donizetti, pelo menos três candidatos se beneficiaram. Não quero atribuí-la a nenhum dos que disputaram as eleições, mas é só fazer as contas. Se ele estivesse vivo nós teríamos três deputados derrotados”, salienta.
O amigo lembra ainda da aflição que sentiu após o assassinato e confessa que o ocorrido o motivou a mudar seus planos de morar no Piauí. “Você tem um amigo de infância, quase um irmão, e acontece um crime bárbaro como esse. É claro que você fica preocupado até descobrir a motivação”, complementa.
Duas décadas depois do crime que vitimou Donizetti, Carlos Moraes fala em justiça.
“Tenho que acreditar na justiça, porque são as nossas instituições. Quando você não acredita, você tem que mudar de país. Vou continuar lutando para que a gente tenha uma justiça mais célere, sem bandidos no poder judiciário. Nós temos que acabar com essa banda podre da justiça”, finaliza.
Nesta sexta-feira (3), você confere a opinião de outros amigos que conviveram com Donizetti Adalto sobre o desfecho do caso.