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O sertanejo

3 de maio de 2019

Trago no suor da pele

Nesse meu cheiro de sertão

O gosto pelo trabalho,

O calo vivo na mão.

Canto o canto da minha gente

Nas cordas de um violão.

 

A poesia de Márcia Alves de Nazaré não deixa dúvida sobre de quem estamos falando. É isso mesmo que você está pensando.

Estamos falando do sertanejo, este homem esquecido pelo Brasil ao longo dos séculos, exatamente no dia que lhe é dedicado, o 3 de maio.

Eu cuido e vivo da terra,

Plantando arroz e feijão.

Meu nome é insignificante

Até chegar a eleição

Quando batem à minha porta,

com propostas de inclusão.

 

Graciliano Ramos, no livro Vidas Secas, descreve o sertanejo como uma pessoa que fala pouco, bem diferente do tagarela descrito por outros autores regionalistas.

O nordestino é um homem calado, é verdade.

Mas o nordestino é um forte.

No dizer de Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”, o sertanejo é, antes de tudo, um forte. E realmente é.

O sertanejo não é o indolente que muitos pregam.

O sertanejo é um homem desconfiado, isso pode ser. Mas preguiçoso não.

Patativa do Assaré, ele próprio um sertanejo do sertão do Ceará, confirma isso:

 

Sou matuto sertanejo,

Daquele matuto pobre

Que não tem gado nem quêjo,

Nem ôro, prata, nem cobre.

Sou sertanejo rocêro,

Eu trabaio o dia intêro,

Que seja inverno ou verão.

Minhas mão é calejada,

Minha péia é bronzeada

Da quintura do sertão.

 

Este é o sertanejo, um homem destemido, mesmo cheio de crendices, que só pensa no seu trabalho e na sua terra.

 

Canto a vida desta gente

Que trabaia inté morrê

Sirrindo, alegre e contente,

Sem dá fé do padecê,

Desta gente sem leitura,

Que, mesmo na desventura,

Se sente alegre e feliz,

Sem nada sabê na terra,

Sem sabê se existe guerra

De país cronta país.

 

Mas se o sertanejo é um forte, como disse Euclides da Cunha, o sertanejo é também um esquecido, o sertanejo é uma espécie de exilado dentro de seu próprio país.

O sertanejo é uma pessoa que acredita em tudo o que o homem da cidade diz, é um homem que acredita até em promessa de político. 

Aceita tudo o que lhe dizem e recebe tudo que lhe dão.

 

Como canta o poeta Daví Calisto Neto:

 

Ser sertanejo é morar

Numa casa sem conforto

Não dá valor ao aborto

Querer a prole aumentar

Ter dez filhos pra criar

Só no cabo da enxada

Lutar pela filharada

Mesmo tendo que sofrer

 

É não participar de festa

Viver lutando isolado

Com sua esposa de lado

Chapéu quebrado na testa

Ser vigia da floresta

Levantar de madrugada

Esta vida mal levada

Sem ter direito ao lazer

 

Nunca calçar um sapato

Nem vestir uma roupa nova

Porém tem que dar a prova

De não ser um homem ingrato

Mesmo sofrendo maltrato

Com uma vida atrasada

A mulher amargurada

Por não ter o que comer

Ser sertanejo é viver

A vida sem gozar nada

 

 

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