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 O rico pobre

9 de maio de 2019

Vez por outra a gente escuta alguém falar que o Piauí é um estado rico. Já se ouviu mais, é verdade.

Esse discurso já vem de muito longe, embora tenha ganho um certo incremento nos últimos anos.

É um estado de incontáveis belezas e de inúmeras riquezas na área mineral, no turismo, na agricultura, enfim, o Piauí é aquilo que se pode chamar de estado abençoado por Deus e pela natureza.

Dizem, por exemplo, que temos uma invejável jazida de ferro e uma imensa quantidade de ouro; temos níquel, diamantes e mármore em abundância.

Temos altíssimas reservas de gás e petróleo; temos o único Delta das Américas e somos o berço do homem americano.

Por último descobriram o nosso enorme potencial eólico, tanto no litoral como na serra do Araripe, em pleno semiárido piauiense. É tanto vento que vamos nos transformar logo, logo no maior fornecedor de energia limpa do país.

Tudo isso pode ser verdade.

Falta apenas, como diria Garrincha, combinar com os russos.

Em décadas de muita falação, nosso ouro, nosso cobre e nosso níquel não conseguiram aflorar. Permanecem nas profundezas da terra, sem qualquer benefício para o estado.

O mármore de Pio IX, sem igual no Brasil – só comparado ao mármore de Carrara, na Itália – já é explorado há bastante tempo, mas os resultados benéficos até hoje não são conhecidos. Pio IX continua uma cidadezinha pobre, à mercê das chuvas para que a população possa plantar o que comer.

Nosso petróleo na bacia do rio Parnaíba não consegue jorrar uma única gota; o gás continua onde sempre esteve.

Nossos ventos, até hoje, não produziram praticamente nenhum retorno econômico.

O delta do Parnaíba, de beleza incomparável, o único em mar aberto, uma beleza das Américas localizada exatamente no Piauí, não consegue ser a redenção do nosso turismo.

E o Parque Nacional da Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato? Nosso berço do homem americano não consegue sobreviver sem a mão nem sempre generosa do governo, do dinheiro público.

Como no Delta, falta o turista endinheirado para garantir a sobrevivência.

Mas nem tudo está perdido.

Descobriram também que somos a última fronteira agrícola do Brasil, com potencial para alimentar o mundo.

Nossos cerrados são os que oferecem a maior produtividade de soja por hectare. Mesmo assim, continuamos na rabeira dos demais estados produtores.

Não conseguimos chegar nem perto da produção do Maranhão e da Bahia, por exemplo.

È difícil, muito difícil mesmo, imaginar o Piauí um estado rico. No máximo, somos um rico pobre, sentado à beira de um caminho que não nos indica nenhum futuro promissor.

Na verdade, nossa redenção continua sendo aquilo que nunca deixou de ser: apenas discurso.

Para finalizar, só uma observação. Este texto  foi por mim apresentado originalmente, aqui na Teresina FM, em 17 de junho de 2016. Mudou alguma coisa?

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