Propaganda do Governo do Estado do Piauí

O tempo espera uma resposta

5 de setembro de 2019

Vivemos num país onde nada é para sempre.

Moramos num país onde até mesmo a pior tragédia resulta numa indignação temporária, com dia e hora para acabar.

Vivemos num país onde o pior dos escândalos só dura até o próximo escândalo. Aconteceu um novo escândalo, sepulta-se de forma definitiva o escândalo anterior. E assim a vida segue.

Vivemos num país onde não se cultiva a memória, não se cultiva ou não se dar o devido respeito ao passado; no Brasil não trabalhamos para evitar novas tragédias, quando muito torcemos para que elas demorem um pouco mais.

Vamos de uma forma muito rápida do auge do clamor por justiça a um inexplicável bocejar inofensivo de fim de tarde.

Vamos de um capeta ensandecido a um bondoso samaritano em tão curto espaço de tempo que às vezes nem percebemos.

Protestamos hoje contra a violência, mas amanhã já estamos bradando é contra o Flamengo, por um jogo perdido.

Criticamos hoje os políticos ruins, mas amanhã é outro dia. Quem sabe.

Bradamos hoje contra a corrupção, amanhã não lembramos mais. Amanhã é outro dia, portanto vamos cobrar um ponto facultativo para a véspera do feriado que se aproxima.

Cobramos moralidade pública, mas queremos saber mesmo é das orgias de Fernando de Noronha,  do fim do casamento do artista famoso.

O brasileiro é assim. É assim sem tirar nem por.

O brasileiro é uma pessoa sem causa definitiva, que age ao sabor do vento.

O brasileiro, infelizmente, é uma espécie de ativista dos dias úteis, até mesmo porque ninguém é de ferro e domingo foi feito descansar. Está na Bíblia que Deus descansou no sétimo dia. E se Deus descansou, logo também temos esse direito.

Não se muda um país assim.

Agindo assim não se muda coisa alguma, não se muda nada.

Estamos longe de ter uma consciência coletiva que nos leve a lutar de forma determinada por um país melhor, não apenas por um eu melhor.

Temos que deixar esse ativismo de fancaria de lado e empreender a luta que realmente interessa. Temos que empreender a luta por um Brasil realmente melhor, se é que realmente pensamos num Brasil melhor e se realmente queremos um Brasil melhor.

Às vezes – e não são poucas essas vezes – nos questionamos se há no Brasil alguém que realmente queira um país melhor.

O Brasil tem que ser um país melhor ou tem que continuar um país de mulatas, um país de samba e de futebol?

O Brasil tem que se transformar num país de políticos sérios ou é preferível continuar com um elenco que garanta trabalho aos humoristas nacionais?

O tempo que passa espera uma resposta.

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