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O Nordestino   

9 de outubro de 2019

Homenagear o nordestino é homenagear um homem valente, um homem corajoso, um verdadeiro cabra da peste.

Euclides da Cunha escreveu no livro Os Sertões que o nordestino é, antes de tudo, um forte. Ele escreveu a frase depois de acompanhar várias incursões do Exército brasileiro contra um bando de matutos armados – muito mais pela fé do que pelas armas – rechaçar uma a uma as tentativas dos militares de chegar até Antônio Conselheiro. 

A partir daí, o nordestino, com a coragem e a tenacidade de seus matutos no sertão baiano, tornou-se um forte na defesa daquilo em que acredita.

Sim, o nordestino é um forte. O nordestino continua sendo um forte, apesar de tudo.

O nordestino é resistente, tão resistente que consegue sobreviver a ação do próprio homem.

Chega a ser quase impossível ser forte diante das agruras que a vida oferece e da insensibilidade dos homens. 

Dos homens públicos, principalmente.

Exigir do nordestino uma postura de homem forte é difícil. Mas ele consegue ser.

É até mesmo uma maldade sem tamanho exigir tanto de quem recebe tão pouco.

Afinal, como ser forte num país que nega tudo a seu povo?

Como ser forte sem educação, sem saúde e sem segurança?

Como ser forte sem assistência aos lavradores, aos agricultores, nossos verdadeiros homens do campo?

O nosso sertanejo pode ser o homem desgracioso, pode ser desengonçado e torto, como também foi descrito por Euclides da Cunha, mas continua um homem forte.

O andar sem firmeza, sem aprumo e sinuoso pode até aparentar a translação de membros desarticulados, mas não o deixa fraco.

Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência um caráter de humildade deprimente. Mas é um homem destemido.

A pé, quando parado, o nordestino recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela, mas não tem medo de cara feia.

Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico de que parecem ser o traço geométrico dos meandros das trilhas sertanejas.  Mas é valente.

Até que tentam acabar a valentia do nosso sertanejo. Até que tentam eliminar a vontade de lutar do nosso sertanejo, mas ainda não conseguiram.

Substituíram tudo isso por uma ajuda temporária que se fez permanente e que não encaminha ninguém para um futuro decente. Mas o verdadeiro sertanejo resiste.

A esmola pode até criar uma falsa sensação nesses bravos; pode até criar a sensação de que  eles agora são vistos pela Nação e finalmente conseguiram  melhorar de vida. Mas eles não se abatem.

O bravo e forte sertanejo que Euclides da Cunha conheceu e retratou em Os Sertões felizmente ainda existe.

Apesar de tudo.

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