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Teresina

Historiadores debatem efeitos da explosão demográfica na estrutura urbana de Teresina: “Progresso e exclusão”

Especialistas apontam desrespeitos ao meio ambiente, segregação social e lentidão nas obras como principais problemas

Publicado por: FM No Tempo 15/08/2022, 11:30

Esse é o primeiro de uma série de cinco de debates do especial “Teresina em Pauta”, em comemoração aos 170 anos da capital do Piauí e dos 16 anos da Teresina FM. Nesta segunda-feira (15), você confere as opiniões dos entrevistados sobre a estrutura urbana de Teresina.

A cidade de Teresina, que em 2022 completa 170 anos, foi fundada em 16 de agosto de 1852 pelo então presidente da província do Piauí, José Antônio Saraiva. Designada como capital do estado, a elite que a dirigia possuía um ideário: construir um polo urbano que articulasse as regiões internamente e tivesse uma conexão internacional.

É o que afirmou o historiador Edmundo Neto, em entrevista ao JT1 da Teresina FM, nesta segunda, no primeiro debate do especial “Teresina em Pauta”. Para o especialista, os objetivos dos dirigentes da capital contrastavam com duas situações: a geográfica e a social.

Pesquisadores relembram origens da estrutura urbana da capital (Foto: Teresina FM)

“Teresina foi projetada para ser harmoniosa, em formato de tabuleiro de xadrez, mas foi edificada em meio a dois rios – Poti e Parnaíba. À época, a maioria das casas era construída de palha, material proibido pelos primeiros códigos de leis, o que resultava na segregação das camadas mais empobrecidas da população”, pontuou.

Desde 1950, explicou Edmundo, a capital do Piauí testemunhou uma grande explosão demográfica em razão do fluxo migratório campo-cidade, constituindo-se em uma cidade dispersa com as duas faces da modernização: progresso e exclusão.

“Atualmente o município é espraiado em função do crescimento do perímetro urbano nas últimas décadas. As políticas recorrentes de remoção de famílias de ocupações colaborou para a formação de vazios urbanos, encarecimento dos imóveis e prejuízo à mobilidade. Mesmo intervenções importantes, como a construção da avenida Miguel Rosa, levaram ao deslocamento de moradores rumo às periferias”, avaliou.

O também historiador Ricardo Arraes, por sua vez, reforçou o fato de que Teresina está situada em uma bacia hidrográfica cujo leito converge em vários riachos, cujas águas são despejadas em lagoas próximas ao rio Poti.

“Com o tempo, dois shopping centers [Teresina e Poty] se estabeleceram às margens das lagoas, as quais agora correm em cima do asfalto, o que facilita as inundações. Apenas a avenida Raul Lopes passa por, no mínimo, três grandes riachos”, assinalou.

Avenida Homero Castelo Branco é uma das vias mais importantes de Teresina (Foto: Divulgação/Strans)

Ricardo lembrou o caso da professora Wana Sara, morta em fevereiro deste ano, cujo carro foi arrastado pela água da chuva na avenida Homero Castelo Branco. O professor frisou que a água desce, no sentido Zoobotânico-Centro, em alta velocidade, o que já deveria ter proporcionado intervenções, por parte da gestão municipal, há muito tempo.

“A cidade possui um histórico de obras que se arrastam por longos anos. Dez anos após sua fundação, não havia sequer um palácio de governo. Não havia igreja matriz, cemitério, mercado público. Hoje temos duas duplicações – problemáticas, inclusive, do ponto de vista ambiental -, que já acumulam onze anos, no ritmo de um quilômetro construído por ano”, apontou.

Como ponto positivo, Edmundo destacou o surgimento, a partir da década de 90, de programas governamentais como o Vila Bairro, desenhado na primeira gestão do ex-prefeito Firmino Filho (1997-2000), que atendia a demandas dos movimentos de luta por moradia.

“Embora tenha havido disparidade de investimentos nos diferentes programas, esse em específico incorporou a pauta da urbanização de vilas e favelas, importantíssima para a execução de intervenções nas áreas mais necessitadas da cidade”, completou.

Na terça-feira (16), você irá acompanhar o segundo debate do “Teresina em Pauta” sobre a capacidade da rede de saúde da capital com o pesquisador Emídio Matos e o médico Newton Nunes.

Confira o debate completo no Jornal da Teresina 1ª Edição desta segunda-feira (15):

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