Os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários atrasados, e que seja assinada uma nova convenção coletiva.
Matéria de Rebeca Vieira
A greve do transporte público em Teresina chega ao seu terceiro dia nesta quarta-feira (15). As abstenções de funcionamento dos ônibus na capital piauiense por parte dos motoristas teve início na segunda-feira (13), em manifestação aos salários atrasados da categoria.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Piauí havia determinado na terça-feira (14) a circulação de 100% da frota de ônibus durante os horários de pico e 80% durante os outros períodos, sob argumento de que a completa paralisação dos transportes é ilegal.
O desembargador responsável pela decisão do Tribunal relembra os artigos 11 e 13 da Lei de Greve, e menciona que “o transporte coletivo de passageiros é atividade essencial à população, devendo ser garantida, durante o movimento paredista, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” A ação cautelar partiu do Sindicato das empresas de transportes urbanos da capital (Setut).
Foto: Assis Fernandes
A ordem judicial também indica que, em caso de descumprimento da decisão, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Transporte Rodoviário de Teresina (Sintetro) ficará sujeito à uma multa equivalente a R$ 50 mil/dia; se houver persistência, a mesma multa recairá sobre os dirigentes sindicais.
O presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, apresenta a incoerência da decisão, pois mesmo antes da greve não havia 100% da frota rodando na capital.
“A decisão da justiça é de botar 100% da frota na rua, mas eu queria falar ao desembargador: 100% de quê? Porque quem descumpre a ordem é o próprio Setut. A Strans emite uma ordem de serviço de 250 veículos, que o Setut nunca cumpriu e aí agora a justiça vem atender a um pedido do Setut para determinar que a gente coloque 100% dos carros para rodar. Não somos nós que temos que colocar. Quem tem que fazer isso é o próprio Setut”, explicou Cardoso.
Mesmo com a ordem judicial, a greve continua. Os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários atrasados, e que seja assinada uma nova convenção coletiva.
Vale ressaltar que, em fevereiro, vereadores estiveram em reunião com o presidente da Câmara de Teresina, Enzo Samuel, e o prefeito, Dr. Pessoa, para elaborar e entregar um documento com propostas a fim de amenizar os prejuízos relacionados à crise do transporte público. Além, também, da promessa do próprio Dr. Pessoa de que resolveria a situação dentro do período de 3 meses.